Os 9 erros mais comuns na transformação digital das empresas

Os 9 erros mais comuns na transformação digital das empresas

Por  Marcio Lacs
CEO da AMT 
 

Muito tem sido dito sobre transformação digital. Mas a verdade é que a transformação digital dos negócios é uma longa e difícil jornada com muitas armadilhas e desafios. Então, quais são os maiores erros cometidos pelos CIOs, CEOs e conselhos nas estratégias de transformação digital? Se você quer aprender com o que não deu certo em muitas empresas, comece esquecendo aquele escopo superficial que tem por objetivo apenas poder dizer que a empresa está fazendo transformação digital; pense no longo prazo; não se importe se o seu Conselho demorar para compreender o alcance da transformação; e, principalmente, não se iluda: você precisa comandar a transformação da cultura pessoalmente.

Na palestra que assisti nos Estados Unidos, antes da pandemia, Mark Raskino, VP do Gartner, colocou de uma forma clara e muito bem embasada os erros a se evitar nos processos de transformação digital. 

Para se alcançar os objetivos com a transformação digital é preciso trabalhar em três níveis: governança corporativa, gerenciamento e execução. A questão que deve merecer a atenção dos líderes das organizações é que existem falhas em cada um desses níveis. Vamos a elas: 

1. Erro de interpretação do real escopo da transformação digital

Como a tecnologia e novos modelos de negócio podem reinventar a sua indústria? Essa é a pergunta fundamental! O erro está numa interpretação superficial ou equivocada da origem dessa transformação. Um outro ponto importante nesse tópico, de acordo com Raskino, é a orientação estratégica da empresa no sentido de identificar e tirar máximo proveito das inovações tecnológicas e de modelo de negócios. 

2. Foco virado para dentro da empresa

Muitas vezes, as organizações são egocêntricas: gastam mais energia em olhar para o que acontece dentro dos seus domínios do que em entender as reais necessidades dos seus clientes, as oportunidades e desafios que eles apresentam e aproveitar uma visão mais ampla do ambiente competitivo no qual estão inseridas para aprender e evoluir. Transformação digital não é apenas uma mudança no modelo operacional, como explica o VP do Gartner: “O foco do modelo operacional não considera o mercado como um todo. Ele se concentra principalmente na eficiência e eficácia. Um foco no modelo de negócios leva em consideração o mercado e como ele é monetizado. Uma perspectiva de fora para dentro é a base dos projetos de transformação digital mais bem-sucedidos ”.

3. “Isso não é comigo”  

Alguns conselhos de administração tratam a transformação digital como uma questão de gestão que não lhes diz respeito. Ao mesmo tempo, muitos membros do board executivo optam por colocar toda a responsabilidade pela transformação digital nos ombros da área de TI. Não é possível ter uma mudança real se não houver o envolvimento de todos. A transformação digital precisa ser parte integrante – e prioritária – da estratégia da organização e da agenda dos seus líderes. 

4. O “Digital” ainda não está definido; as metas são vagas

A visão das organizações sobre a transformação digital ainda está confusa porque a própria definição do digital ainda não está clara. Existe muita vontade e vários projetos interessantes. Mas não está definido o que realmente é a jornada digital. As organizações devem primeiro se empenhar em definir objetivos, metas e métricas específicas e depois medi-las para garantir que o projeto de transformação esteja no caminho certo.

5. Evoluções incrementais

Quando o digital não está definido, as iniciativas tendem a se concentrar apenas na melhoria do que já existe e não no uso de recursos, sistemas e planos para promover a real transformação . Os negócios digitais funcionam no nível de mudança de modelo de negócios e reinvenção do produto. 

6. Mentes fixas

Uma mentalidade fixa é um dos recursos restritos. Pessoas com uma mentalidade fixa não estão no modo de aprendizado. As organizações devem aprender a desenvolver uma mentalidade de crescimento para construir uma cultura inovadora que prosperará na era dos negócios digitais. Uma mentalidade de crescimento abraça a idéia de que novos recursos podem ser desenvolvidos por meio de aprendizado inteligente, boas estratégias e contribuições de outras pessoas. Aqueles que adotam essa mentalidade veem os desafios como oportunidades para crescer e evoluir e são resilientes, mesmo quando confrontados com o fracasso.

7. Excesso de planejamento

Transformação tem mais a ver com fazer do que planejar. É comum as organizações entrarem num looping de debates e planejamentos que só vai atrasar o projeto de transformação. A solução é simples: institucionalizar o pensamento lean das startups em todos os níveis da organização. Mais experimentação, menos planejamento. O objetivo é construir rapidamente um protótipo (MVP – “produto mínimo viável”) e aprimorá-lo de forma interativa e contínua com o feedback do cliente/usuário. 

8. Foco na tecnologia

Qual é a próxima grande novidade tecnológica? Será que as organizações precisam estar atentas a isso? Não, definitivamente não! O importante é usar as ferramentas tecnológicas já disponíveis para criar novas soluções para demandas ainda não atendidas. 

9. Cultura, cultura, cultura! 

A cultura é uma das maiores barreiras para escalar a transformação digital. A inércia da cultura, ou seja, a sua tendência a se manter inalterada, é enorme. As organizações devem se concentrar em redefinir propósitos e crenças para impulsionar a mudança de cultura. Determine o objetivo da empresa, o que ela faz pelo mundo e quais são as crenças das pessoas que colaboram diariamente com ela. Se bem trabalhados, alguns pontos centrais da cultura podem deixar de ser travas e passar a ser alavancas em um curto espaço de tempo. 

Fonte: https://www.gartner.com/smarterwithgartner/avoid-these-9-corporate-digital-business-transformation-mistakes/