Cloud, interoperabilidade e OpenStack

Liberdade e crescimento

Por  Marcio Lacs
CEO da AMT 
 

Estamos em isolamento físico, o que não quer dizer que precisemos estar afastados. Pelo contrário! Tomamos a decisão de, neste momento, estar mais perto do que nunca dos nossos clientes, colaboradores, amigos e parceiros.

Para isso, em abril, demos início a uma série de encontros. Resolvemos chamá-la Telefone Vermelho porque para nós é importante reforçar sempre que estaremos do outro lado da linha, prontos para atender quando um cliente ou parceiro chamar. 

Telefone vermelho remete à época da Guerra Fria; dizem que o objetivo era permitir que os líderes da extinta União Soviética e dos Estados Unidos estivessem sempre conectados. O telefone só tocaria em uma situação de emergência global – digamos, a iminência de uma terceira guerra mundial. Depois, muitos devem se lembrar do telefone vermelho na mansão Wayne, que tocava sempre que o Batman precisava entrar em cena. 

Seja como for, o nosso telefone vermelho está mais ligado do que nunca! Essa experiência das últimas semanas tem sido muito rica. Na primeira, abrimos a chamada para falar com as empresas que estavam com uma necessidade urgente de organizar a equipe que tinha acabado de migrar para o home office. Falamos sobre segurança na ponta do usuário e aprofundamos a conversa, com foco na outra ponta (dos servidores e aplicações), na semana seguinte.

Ontem, falamos sobre OpenStack. Vamos reproduzir aqui alguns trechos desta excelente troca que nosso parceiro Marcos Arino, da O2 Sistemas, nos proporcionou: 

 
O projeto

O projeto de OpenStack teve início em 2008, como resultado de um trabalho conjunto da NASA com uma empresa chamada Rackspace. Os dois se juntaram para desenvolver uma plataforma de infraestrutura. A NASA tinha uma grande quantidade de servidores e precisava de uma tecnologia para gerenciar o provisionamento dos seus recursos.

Em 2010, já havia a primeira versão do OpenStack, que começou a evoluir como código aberto, com a colaboração de uma comunidade que hoje já conta com 200 empresas e nove mil membros, em 100 países. A cada seis meses, aproximadamente, é publicada uma nova versão, o que garante a evolução contínua do sistema. 

 
Os recursos

O OpenStack é capaz de administrar todos os aspectos de um Data Center: servidores, storage, rede e componentes adicionais. A ideia é ter um console único que administre todos os recursos, organizado na forma de projetos – funções específicas da infraestrutura, como alta disponibilidade, balanceamento de carga, firewall. Como o OpenStack é um framework, à medida que as necessidades surgem, os recursos vão sendo adicionados. 

O mercado de hardware está se adaptando ao OpenStack. Os produtos já estão sendo lançados com a interface para serem administrados pelo OpenStack. Switches, servidores, hardware, storage… tudo já está sendo desenvolvido com as APIs de comunicação com o OpenStack. Ao invés de ter uma pessoa sentada em frente a cada console, você passa a ter de duas a três pessoas administrando todos os recursos a partir de um ponto único. 

 
OpenStack: o motor por trás das maiores nuvens (e das menores também) 

Quando você entra numa rede pública, como a Amazon ou o Google, o que está por trás de toda a estrutura é OpenStack. O que a O2 sistemas faz é trazer para as empresas a mesma tecnologia. Se o OpenStack pode movimentar uma nuvem pública, também pode movimentar uma nuvem privada, da mesma maneira. A diferença é apenas a quantidade de usuários – muda a escala de milhares para dezenas. Mas o funcionamento é idêntico.

“Mas eu tenho parte do meu ambiente dentro de casa, parte numa nuvem pública…” Sem problema! Você pode fazer a sua própria nuvem híbrida, utilizando o melhor de cada solução ou ambiente. 

 
Novo ou legado? Tudo! 

Um ponto muito interessante numa implantação de OpenStack é que ele foi feito para administrar o Data Center exatamente como ele está. Só com equipamentos novos, tudo é em tese mais fácil. Mas o OpenStack permite a integração de equipamentos novos com existentes, gerações mais modernas com outras antigas… Tudo se encaixa no mesmo sistema operacional e passa a funcionar de forma integrada. 

As melhores práticas mostram que o ideal é concentrar investimentos no núcleo de gestão da estrutura. Este deve ter os melhores recursos. A partir daí, vai estendendo para as outras áreas, dominando toda a estrutura do Data Center.

Ao partir para uma nuvem privada, você pode ir com o que tem hoje. Os fabricantes podem até sugerir que você deva usar tudo novo. Não é esse o modelo do OpenStack! Costumamos dizer que se trata de um modelo de inclusão digital: tudo é bem-vindo!

 
Data Centers definidos por software (SDDC)

Quando a máquina precisa crescer, ela própria cria novos servidores. Se precisa de storage, é só ver se tem espaço disponível em algum equipamento conectado. É a própria aplicação gerindo a infraestrutura, provisionando ou liberando recursos à medida que a demanda cresce ou diminui. 

 
A experiência da AMT

Ninguém precisa se assustar com OpenStack. Ele tem muitas, muitas possibilidades. Mas o mais importante é entender o que você precisa, o que você quer com a implantação e em que fases o projeto deve se desenvolver. O planejamento é fundamental! A partir do núcleo inicial bem montado, bem planejado, você pode seguir acrescentando recursos e funcionalidades. 

Quando resolvemos implantar o OpenStack na AMT, queríamos acrescentar uma camada de gerenciamento para os nossos clientes e também para nós mesmos. Começamos pela infraestrutura, pela camada de controle, e depois partimos para o planejamento das ampliações. Investimos nesta camada de controle e definimos as fases seguintes. 

O processo foi idêntico ao que nós adotamos com os nossos clientes: nos reunimos com a equipe técnica, definimos a arquitetura; fizemos uma especificação detalhada do que queríamos alcançar com a nossa nuvem no futuro; definimos o foco inicial em algumas áreas e o avanço em fases; estabelecemos uma matriz de responsabilidades e os SLAs. 

 
Hiperconvergência e nuvens privadas 

Quando implantamos o OpenStack na AMT, tínhamos um legado de equipamentos muito grande, muito diverso. Precisávamos criar um ambiente hiperconvergente, que integrasse todos os nossos recursos, independentemente da sua origem, tecnologia ou idade. Vimos que este desejo não era só nosso. É curioso que muitas empresas optaram por montar estes ambientes hiperconvergentes dentro de casa. Agora, com a pandemia, estão tendo que migrar seus ambientes para os Data Centers. 

O OpenStack rompeu com os limites da hiperconvergência. Permite implementar uma hiperconvergência no seu Data Center sem ter que comprar hardware algum. É muito mais hiperconvergente que qualquer projeto anterior de hiperconvergência! Usando as funcionalidades básicas de OpenStack, é possível provisionar microsserviços, criar aplicações containerizadas, explorar toda capacidade de processamento e storage de um ambiente… 

É muito difícil colocar aqui todas as possibilidades. O OpenStack já foi concebido com o conceito de containers e é o caminho para a disponibilização dos microsserviços tão necessários nas arquiteturas das aplicações atuais, garantindo a interoperabilidade e portabilidade das aplicações e diversas infraestruturas disponíveis de nuvens públicas e privadas. Tudo isso a AMT coloca à disposição de seus clientes.

 
Visão de futuro

Hoje, o maior custo de um projeto não é o hardware, e, sim, o licenciamento de softwares. Por ser uma plataforma de código aberto, o OpenStack pode contribuir para uma redução significativa de custos e, principalmente, para a total independência de um ou outro fornecedor – seja de hardware, software ou serviços. Este é um aspecto que já vem sendo muito aproveitado pelas empresas e que nós acreditamos que será cada vez mais determinante para a expansão do OpenStack. 

Outra tendência muito forte é de microsserviços e aplicações containerizadas. É preciso mudar a forma de construir as aplicações para garantir o melhor uso da estrutura e a total portabilidade entre ambientes de desenvolvimento. 

Cada vez mais vamos ver na prática a promessa de infraestrutura orientada a serviço, de que o mercado fala há cinco anos, não mais orientada a camada, a soluções, a fornecedores… 

 
Telefone vermelho 4: Solution Desk 

Na semana que vem, tem mais: vamos conversar sobre Solution Desk, a evolução do Service Desk.